Grupo Etnográfico de Proença-a-Velha, nasceu no seio da "Proençal-Liga de Desenvolvimento de Proença-a-Velha", em Fevereiro de 2006, nesta antiga e tradicional vila portuguesa, actualmente pertencente ao concelho de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, localidades das quais dista cerca de 12 e 35 Km, respectivamente.
O grupo é constituído por gente jovem e menos jovem, das mais variadas idades e profissões, num total de 25 elementos actuantes e visa essencialmente a recolha, a preservação e a divulgação das ancestrais tradições, usos e costumes de Proença-a-Velha, assente numa sincera paixão pelas nossas raízes. Por tudo isto, e muito mais, se iniciou a recuperação das riquíssimas tradições musicais e etnográficas da nossa localidade que se encontravam guardadas nos recantos na memória colectiva do povo, povo este que soube também preservar esse antigo e arcaico instrumento, que hoje continua a saber tocar como ninguém, o adufe.
Era nas árduas lides agrícolas, executadas ao longo do ano pelas gentes de Proença, do nascer ao pôr do sol, nos terrenos pertencentes aos “grandes senhores”, (no início da nacionalidade a "Ordem dos Templários", depois a "Ordem de Cristo" e mais tarde o Conde de Proença e outros Senhores da Terra), onde os mais velhos ensinavam aos mais novos a arte do amanho da terra: as sementeiras, as sachas, as mondas, as ceifas, as colheitas...e em que as canseiras do dia-a-dia de cada um eram amainadas pelos sons agrestes dos moitedos, pelo sussurrar dos ribeiros, pelo chilrear do melro e da cotovia, do pintassilgo e do rouxinol, pelas divertidas partidas que pregavam entre eles, pelos namoricos e pelas variadíssimas modas interpretadas pelos diversos ranchos de trabalhadores...
Estes dias de trabalho árduo eram apenas quebrados pelo dia santo (Domingo) em que se aproveitava para socializar nas praças, ruas, largos, tabernas, ou nas soleiras das portas… jogando os tradicionais jogos populares, bordando, costurando ou simplesmente conversando...
Outros momentos importantes de confraternização seriam as afamadas festas e romarias, acorrendo as nossas gentes especialmente, por razões óbvias de proximidade, à Senhora da Granja em Proença e à Senhora do Almurtão em Idanha, onde o povo se envolvia de alma e coração e manifestava a sua alegria e entusiasmo com os ranchos cantando loas à virgem, acompanhados pelo ritmo e som característico dos adufes, empunhados pelas mãos tão calejadas quanto ágeis das raparigas. Pela tarde os recintos tornavam-se palco de descantes e bailaricos e os arraiais prolongavam-se noite fora.
E foi essa riqueza cultural que, de geração em geração, chegou até nós, através das modas, do adufe, dos usos e costumes, das tradições...
O Modas e Adufes nasceu e o seu trabalho assenta fundamentalmente na aposta em tentar preservar o património cultural que os nossos pais e avós nos legaram, esperando que os nossos filhos e netos sintam, no futuro, o orgulho e (porque não dizê-lo) a vaidade, que nós hoje sentimos por sermos os herdeiros destas riquezas que ainda hoje permanecem vivas nestas ancestrais terras da antiga Lusitânia, aqui no coração da Beira Baixa. |